terça-feira, 26 de junho de 2012

"Sombras da Noite" mostra, mais uma vez, o universo de Tim Burton


     Tim Burton é um diretor cujo trabalho procura seguir sempre na mesma linha, o gótico, o sombrio, e porque não dizer o estranho. Desde  Os Fantasmas se Divertem (1988), a Edward Mãos de Tesoura (1990), o diretor já carrega esse traço. Em Sombras da Noite não é diferente, o diretor nos leva, mais uma vez para um universo sombrio, porem colorido, e recheado de histórias de amores impossíveis. 


   A trama começa no século XVIII e mostra uma família que sai da Inglaterra e vai para os Estados Unidos levando com eles uma terrível maldição. Barnabas Collins é um pequeno jovem, rico e que vive confortavelmente com sua família em uma cidade americana. Já na fase adulta, o jovem playboy derrete os corações das jovens com eu charme. 

      Só que ele não sabia que uma delas era uma poderosa bruxa (Angelique), e após despedaçar o coração da jovem bruxa é amaldiçoado, transformando em um vampiro e enterrando vivo. Alguns séculos mais tarde, Barnabas é libertado de sua ‘prisão’ e assim, surge nos dias modernos, no começo meio perdido, depois firme e forte para buscar vingança.


      O visual é um dos pontos altos do filme. A fotografia consegue sempre imprimir com competência o estilo de Burton sem deixar o escuro dominar a tela. Enquanto isso, a direção de arte convence o espectador de que estamos realmente na década de 1970, seja graças aos figurinos ou aos apetrechos de cena, como as lâmpadas de lava.

    O elenco traz nomes de peso como Michelle Pfeiffer que voltando a trabalhar com Burton depois do antológico Batman: O Retorno (sua Mulher-Gato deixa saudades até hoje), ela está mais madura do que nunca, e se encaixa muito bem na pele de Elizabeth Collins Stoddard, a matriarca da família. Mais uma vez Michelle mostra todo seu talento, interpretando a matriarca da família na medida certa.

  Presença cativa nos filmes do marido, como não podia deixar de ser, a multifacetada Helena Bonham Carter encarna a Dra. Julia Hoffman, uma psiquiatra alcoólatra que poderia garantir boas risadas, mas o personagem acaba não tendo muito destaque na trama, um total desperdício de talento pois a atriz é conhecida por suas interpretações fortes e marcantes. 

      Fechando o núcleo feminino de Collinwood, temos a rebelde Carolyn Stoddard, no alto dos seus 15 anos, interpretada pela talentosa Chloë Grace Moretz (deHugo). 

    O visual dos personagens é espetacular, com o tom gótico que é a marca registrada do diretor desde “Os Fantasmas se Divertem”. O cuidado ao recriar as roupas e penteados do início da década de 70 também demonstra um cuidado todo especial em fazer tudo parecer genuíno, a missão foi cumprida com perfeição neste quesito.


     O humor também funciona muito bem, com piadas agressivas e mais adultas, que normalmente não constam nos filmes de Tim Burton. Grande parte da graça da história vem do choque cultural de Barnabas, que ajusta-se a turbulenta época dos hippies da maneira mais desengonçada que pode.

      Os personagens são apresentados da forma mais breve possível. Michelle Pfeiffer é a matriarca da família que tenta manter o pouco de dignidade que lhes resta, Chloe Moretz é sua filha adolescente rebelde e que sexualiza-se numa tentativa de parecer madura, ms que consegue apenas gerar desconforto na plateia, Helena Bonham Carter é a terapeuta alcoólatra do sobrinho problemático da família e por aí vai.

     Nenhum membro da história é devidamente desenvolvido, recebemos estes personagens prontos e assim eles permanecem até os minutos finais do filme. Depp é aquele que permanece mais tempo em tela, e embora faça um trabalho sensacional, seria bom ver mais dos outros membros da família, seres tão deliciosamente cheios de conflitos, que seria fantástico ver como farão para resolvê-los.


     Não satisfeito em deixar os problemas existentes em aberto, “Sombras da Noite” ainda cria novas situações ao longo de sua trama, que na maioria das vezes, não recebem uma resolução satisfatória. Tudo é muito breve e rápido e mal uma questão é lançada, já somos brindados com outra, que na maioria das vezes, terá uma resolução igualmente não satisfatória.


   A impressão que fica é a de que Tim Burton poderia ter transformado a história deste filme em uma trilogia com começo, meio e fim bem definidos, caso tivesse dado aos personagens e ao enredo a chance de crescerem.

"Sombras da Noite" mostra mais, do mesmo universo, de Tim  Burton que estamos acostumados a ver.



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