segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nas calçadas da Roosevelt

O Teatro Alternativo cresce e aparece na noite paulistana




      Quando pensamos em teatro, logo vem à mente um prédio imponente, com um palco grande, assentos confortáveis e todo o glamour do teatro paulistano certo? Errado. Em São Paulo essa idéia de teatro está mudando. A noite que já é agitada fica ainda mais com o crescimento do teatro alternativo.

       
     O centro da cidade é o palco dessa mudança, mais precisamente na Praça Roosevelt, se antes era um endereço decadente, ponto de prostituição e tráfico, hoje é frequentada por pessoas intelectuais, um local cult,  também considerada por muitos a off-Broadway paulistana. Lá estão: os Espaços dos Satyros 1 e 2, e o Espaço Parlapatões. 




     A Cia. dos Satyros foi a primeira se instalar por lá, em 2000, em seguida chegaram os Parlapatões e fizeram um teatro mais agradável, com capacidade para 96 pessoas, ar-condicionado, poltronas confortáveis e a preocupação com o acesso de deficientes físicos, obesos e até anões. Hoje o local recebe vários projetos, não só dos Parlapatões. A famosa praça também abriga outros teatros alternativos, como o Studio 184, o Mini Teatro, o Teatro do Ator e Teatro Lucas Pardo Filho, do outro lado da praça.
   
      Para Rodolfo García Vázquez, diretor do Satyros, o teatro é pensado de uma forma em geral, sem o rótulo de alternativo. “É mais um trabalho crítico, engajado politicamente, socialmente no qual busca fazer uma investigação sobre a sociedade e sobre o próprio fazer teatral e a partir disso fazer um trabalho”.
 
    Rodolfo afirma que, no começo, até ameaça de morte recebeu dos antigos moradores da praça, mas mesmo assim não desistiu de montar a sede de seu grupo no local, “No começo nós éramos estranhos por aqui, os travestis e traficantes que viviam nesse local não aceitavam a gente. Hoje as coisas mudaram e a praça virou nossa “casa”, além de ser considerada por muitos um ponto turístico da cidade”.


     
O mini teatro
Também localizado na Praça Roosevelt, o Mini Teatro abriga um bar que chama atenção pela sua decoração que é, no mínimo, diferente. No local é possível encontrar desde livros e DVDs de teatro até mesmo bonecos usados pela Companhia de Revista, grupo de administra o teatro. Segundo a atriz do grupo, Natália Quadros, esse tipo de encenação é uma forma que os grupos encontraram para fazer seus próprios trabalhos, não dependendo da ajuda de patrocinadores, “O trabalho é bem maior, todo mundo faz  tudo, desde cenários, figurinos, luz.  Mas isso nos deixa mais livres para criar.”

    Essa nova modalidade de arte não está presente apenas no centro de São Paulo. Há vários locais onde os espaços são transformados de acordo com a proposta artística do grupo e acabam deixando cada peça com um ambiente único, aproximando ainda mais o artista do público. O promotor de vendas Diego soares, 24, diz que sempre assiste ás peças nos teatros da praça Roosevelt e se identifica mais com esse tipo de espaço, “Prefiro o teatro alternativo porque o ambiente e mais intimista, a gente fica mais perto dos atores é como se fizéssemos parte da peça”.
     
      O teatro alternativo não pretende superar o convencional, mas vem com o propósito de ser diferente de tudo que estamos habituados a ver, as peças, lotadas, mostram que o público além de aprovar, ainda torce para que essa nova modalidade de teatro cresça e apareça na noite paulistana.

   A seguir cenas da peça "Justine" em cartaz no Espaço dos Satyros II, ( As fotos  tiradas foram,  gentilmente autorizadas, por Rodolfo García Vázquez)