Quando pensamos em teatro, logo vem à mente um prédio imponente, com um palco grande, assentos confortáveis e todo o glamour do teatro paulistano certo? Errado. Em São Paulo essa idéia de teatro está mudando. A noite que já é agitada fica ainda mais com o crescimento do teatro alternativo.
O centro da cidade é o palco dessa mudança, mais precisamente na Praça Roosevelt, se antes era um endereço decadente, ponto de prostituição e tráfico, hoje é frequentada por pessoas intelectuais, um local cult, também considerada por muitos a off-Broadway paulistana. Lá estão: os Espaços dos Satyros 1 e 2, e o Espaço Parlapatões.
A Cia. dos Satyros foi a primeira se instalar por lá, em 2000, em seguida chegaram os Parlapatões e fizeram um teatro mais agradável, com capacidade para 96 pessoas, ar-condicionado, poltronas confortáveis e a preocupação com o acesso de deficientes físicos, obesos e até anões. Hoje o local recebe vários projetos, não só dos Parlapatões. A famosa praça também abriga outros teatros alternativos, como o Studio 184, o Mini Teatro, o Teatro do Ator e Teatro Lucas Pardo Filho, do outro lado da praça.
Para Rodolfo García Vázquez, diretor do Satyros, o teatro é pensado de uma forma em geral, sem o rótulo de alternativo. “É mais um trabalho crítico, engajado politicamente, socialmente no qual busca fazer uma investigação sobre a sociedade e sobre o próprio fazer teatral e a partir disso fazer um trabalho”.
Rodolfo afirma que, no começo, até ameaça de morte recebeu dos antigos moradores da praça, mas mesmo assim não desistiu de montar a sede de seu grupo no local, “No começo nós éramos estranhos por aqui, os travestis e traficantes que viviam nesse local não aceitavam a gente. Hoje as coisas mudaram e a praça virou nossa “casa”, além de ser considerada por muitos um ponto turístico da cidade”.
O mini teatro |
Essa nova modalidade de arte não está presente apenas no centro de São Paulo. Há vários locais onde os espaços são transformados de acordo com a proposta artística do grupo e acabam deixando cada peça com um ambiente único, aproximando ainda mais o artista do público. O promotor de vendas Diego soares, 24, diz que sempre assiste ás peças nos teatros da praça Roosevelt e se identifica mais com esse tipo de espaço, “Prefiro o teatro alternativo porque o ambiente e mais intimista, a gente fica mais perto dos atores é como se fizéssemos parte da peça”.
O teatro alternativo não pretende superar o convencional, mas vem com o propósito de ser diferente de tudo que estamos habituados a ver, as peças, lotadas, mostram que o público além de aprovar, ainda torce para que essa nova modalidade de teatro cresça e apareça na noite paulistana.
A seguir cenas da peça "Justine" em cartaz no Espaço dos Satyros II, ( As fotos tiradas foram, gentilmente autorizadas, por Rodolfo García Vázquez)