quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Grupo Gattu encena "Boca de Ouro" de Nelson Rodrigues

    
   O universo de Nelson Rodrigues está em cartaz, mais uma vez, nos palcos Paulistanos. Dessa vez quem encena o dramaturgo carioca é o grupo Gattu de teatro. O grupo que já vem fazendo alguns trabalhos de Nelson, como "Viuva porem honesta" e "Dorotéia", agora se destaca por montar "Boca de ouro", tragédia carioca dividida em três atos.
   
     
     A peça dirigida por Eloísa Vitz, conta história do bicheiro boca de ouro, que arranca todos os seus dentes para substituí-los por dentes de ouro, tudo isso para demonstrar força, poder e curar traumas familiares. A história é contada em três versões diferentes por uma de suas amantes, dona Guigui. Nessas versões o espectador está livre para acreditar, ou não, na forma que os fatos são narrados. A figura real de Boca de ouro, só aparece na primeira cena, na qual ele vai ao dentista e pede para trocar seus dentes naturais por dentes de ouro. A partir daí, Boca de ouro surgirá sempre nos subconsciente de Guigui, que narra os fatos decorrentes da peça, e nas narrações dos jornalistas sensacionalistas, que noticiam sua morte e partem para uma investigação mais detalhada do fato.




    A encenação proposta pela diretora, nos remete ao universo da malandragem carioca, fator decorrente nas peças de Nelson. Os atores estão bem a vontade em cena, com exceção de uma atriz que parece não estar tão envolvida na trama, fato que acaba dispersando a atenção em algumas cenas, mas como ela aparece pouco, não prejudica o andamento da peça. Um destaque especial para o elenco principal da peça que está muito bem entrosado e passa veracidade nas cenas.


Elam lima (Boca de Ouro)
     O ator Elam Lima,  que interpreta Boca de ouro, apesar da sua pouca idade, consegue passar toda a veracidade do seu personagem, graças a um trabalho de voz e corpo, que nos dá a impressão de ele ser mais velho, e é aí que está o trabalho do ator, de convencer as pessoas que os limites de idade, corpo e tempo podem ser ultrapassados  de acordo com a proposta de peça. Destaque também para a atriz Daniela Rocha Rosa, que rouba a cena toda vez que pisa no palco, com uma interpretação bem humorada, mesmo nos momentos de tragédia. O cenário da peça também merece destaque, são andaimes movimentados pelos próprios atores, e se transformam de acordo com a necessidade da cena.


    "Boca de ouro" está em cartaz no teatro Gil Vicente, aos sábados as 21hs e aos domingos as 20hs. A entrada é gratuita e as pessoas devem retirar os ingressos no local. Vale a pena conferir a peça e conhecer um pouco mais do universo de Nelson Rodrigues.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Juntos pelo acaso" não se livra dos clichês das comédias românticas


   "Juntos pelo acaso" nova comédia romântica de Katherine Heigl, atriz que vem se destacando por fazer só filmes desse gênero, não alcança vôos altos. O filme apesar de parecer um pouco diferente dos outros no começo, se alonga de mais e mostra vários clichês básicos de comédia romântica, como ter que decidir em ficar com o grande amor ou ir embora numa viagem de negócios. O filme é bem por aí, não foge do que já foi visto, mas pode até garantir, poucas, risadas.

    Holly (Katherine Heigl) é uma pequena empresária que é feliz nos negócios, mas infeliz no amor, seus encontros nunca dão certo, mas mesmo asim, ela não desiste e sempre está a procura de um novo amor. Logo nas primeiras cenas do filme Holly se mostra feliz por que irá conhecer Messer (Josh Duhamel), amigo em comum de sua melhor amiga. O encontro no entanto não se mostra muito agradável, e os dois logo percebem que não nasceram um para o outro.


    Mas por ironia do destino, os dois sempre acabam se encontrado em festas, aniversários e batizados. Além de serem os padrinhos de Sophie, uma linda garotinha que fica órfã de pai e mãe. Conclusão sobrou para os dois ficarem com a guarda da criança. Por agradecimento aos pais de Sophie do qual eles eram muito amigos resolvem cuidar da criança.
  
   As confusões começam por aí, como os dois são marinheiros de primeira viagem, fica difícil cuidar de um bebê de um ano de idade. Os principais cuidados que vão desde troca de fraldas e preparar a comida da criança tornam-se a tarefas mais difíceis para os novos pais. Em meio as  novas experiências os dois se descobrem apaixonados, mas como toda comédia romântica, o filme tem suas idas e vindas do amor.

     Juntos pelo acaso é um filme longo demais, para um tema como esse, a história poderia ser bem mais enchuta, pois no final todo mundo já sabe  o que vai acontecer. Mesmo fraco o longa garante poucas risadas.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Próximos post...

"Boca de ouro" de Nelson Rodrigues...


Tropa de elite 2...

"Enfim viúva" se destaca com uma ótima comédia francesa



 "Enfim viúva"  só está em cartaz no Cine Belas Artes, é uma comédia francesa que se destaca pelo seu humor fino e ao mesmo tempo pastelão. A frança, que de vez em quando, nos surpreende com uma boa comédia, está mais uma vez em foco.


    O filme conta a história de Anne-Marie que  vive um casamento de aparências com Gilbert, um marido serio e chato. Seu coração pertence ao marinheiro Léo, que já é seu amante a dois anos. Quando Gilbert morre em um acidente, o caminho para os amantes parece estar aberto, mas Anne-Marie não contava com a família dela, que acha que ela terá dificuldade em passar pelo luto, involuntariamente eles acabam atrapalhando a união dela com Léo.


   A partir daí, o filme mostra a frustradas tentativas de encontro entre os dois que nunca dão certo por causa da marcação cerrada da família de Anne-Marie. Ela se envolve nas mais atrapalhadas tentativas para ver seu amado, como sair à noite, de bicicleta, para ir ao encontro de Léo, mas é surpreendia por seu filho que a leva de volta para casa.
   
 Anne-Marie, precionada por Léo, tem que tomar uma difícil decisão: fugir com ele, ou continuar na sua casa com sua família. A partir desse ponto,  o filme passa a ser visto mais como um drama romântico do que uma comédia, mas não perde seu foco principal, o de divertir o público.



Rica, Drogada, Apaixonada, e Fútil essa é Hell


    Você já se imaginou viver em um mundo cheio de glamour, beleza, jantares badalados, sexo e drogas? Esse é o universo de Ella, ou melhor Hell (inferno) nome esse, "escolhido", por ela própria. Hell  é uma jovem rica e
 consumista de Paris, que preenche sua vida com sexo, álcool, drogas e roupas de grife, suas atividades diárias se resumem a escolher qual das roupas usar, gastar seu dinheiro em coisas supérfulas ou até mesmo em qual jantar deverá ir.

   Durante a peça Hell descreve, com todos os detalhes, como é a vida de uma pequena parte da sociedade no qual não precisar trabalhar para sobreviver, seus desejos, desavenças, amores, tudo é relatado ao público, com direito a diversas trocas de roupas, todas de grife é claro,  muito cigarro e bebidas.

   Sua vida continua na mesma rotina de sempre até conhecer um jovem, tão rico quanto ela, por quem ela se apaixona perdidamente. É aí que Hell se da conta que o homem por quem ela está apaixonada é exatamente igual à ela. Em meio a um romance  tumultuado de idas e vindas os dois se relacionam a base de muitas drogas e orgias. 

   A peça nos mostra que não é preciso ir a Paris para ver uma "Hell", ela está presente em toda uma sociedade  na qual apresenta uma grande desigualdade social.

    Hell é uma adaptação de um romance da estreia da escritora Lolita Pille. Um fenômeno editorial na França e best-seller em dezenas de países. Dirigida por Hector Babenco a peça tem o elenco formado por Bárbara Paz e Ricardo Tozzi.

Hell está em cartaz no teatro do SESI da Avenida Paulista, e é gratuita nas quintas e nas sextas, sábados e domingos o ingresso custa R$ 10,00.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"London River" quebra as barreiras do preconceito



     "London river-destinos cruzados" conta a história de Ousmane e  Elizabeth. Duas pessoas comuns, que vivem suas vidas na mais pacata rotina, os dois não se conhecem, mas  tem algo em comum. Ele vive na França e trabalha como guarda florestal, ela vive em Channel Islands, no Canal da Mancha e trabalha em seu sítio, cuidando dos animais e das plantações. Em  7 de julho de 2005 eles recebem a notícia de que Londres foi atacada por atentados suicidas sincronizados que explodiram ônibus e metrôs. Os dois que têm filhos que estudam em Londres, depois de dias sem notícias, resolvem partir para Londres em busca de informações sobre os filhos.


Ao chegarem na cidade a busca pelos filhos, desaparecidos, fica mais angustiante. Os dois vão a hospitais, IMLS,fazem cartazes com foto, mas tudo sem muitas respotas, ninguém viu ou sabe dar informações sobre o paradeiro dos filhos. Ousmane, ao andar pelas ruas vê um cartaz com a foto da filha de Elizabeth, e a reconhece na foto ao lado do filho. A partir daí os dois se conhecem e descobrem que seus filhos moravam na mesma casa ainda eram namorados.


     Elizabeth fica indignada e não aceita que sua filha tenha namorado um negro e ainda por cima muçulmano, a principio ela ignora Ousmane e continua na sua busca sozinha, mas o destino sempre os coloca nos mesmos lugares, e os dois acabam se aproximando para passar a buscar informações juntos.


     O filme mostra como uma cidade  se comporta depois de um atentado como esse, pessoas apreensivas pelas ruas, segurança reforçada e um medo que não passa. O diretor consegue passar uma tensão que se dá até a notícia do que realmente aconteceu com os filhos dos personagens. Os atores passam para o publico toda uma angustia de aflição de pais desesperados em busca de notícias de seus filhos.


    
Um destaque para atriz  Brenda Blethyn que passa toda uma carga emotiva, eu já havia visto outro trabalho dela em "segredos e mentiras" no qual também foi brilhante e mais uma vez ela demonstra que tem um grande talento.













RockAntigona, tragédia grega fala dos sentimentos humanos



Como lidar com os sentimentos humanos mais cruéis como a vingança, o ódio a cobiça e a ganância pelo poder? RockAntignona, espetáculo em cartaz no Sesc Santana, fala um pouco sobre esse universo. Dirigida por Guilherme Leme, a adaptação da tragédia de Sófocles, conta a história a partir da morte de Édipo, que depois de saber que matará o próprio pai e casara com a mãe, se exila de seu reino, Tebas, até agonizar com a morte.


Antigona filha de Édipo fruto do casamento com mãe e filho, ao voltar para Tebas se vê em uma verdadeira guerra. Seus dois irmãos estão brigando para decidir quem vai governar Tebas, e a batalha sangrenta acaba com a morte dos dois. Com isso  seu tio, Creonte, passa a ter o poder no reino e, é aí que os problemas de Antigona começam a se complicar.

Luís Mello como Creonte
Dominado pelo poder e a cobiça Creonte passa a governar Tebas com tirania, despertando o ódio de muitos tebanos e até mesmo da própria Antigona que se vê obrigada a obedecer as novas leis impostas por seu tio. Ao desobedecer a um imposição de Creonte no qual não a deixava enterrar o corpo de um de seus irmãos, Antigona resolve quebrar todas as regras impostas tio e enfrentá-lo, fato que acaba a condenando a própria morte.

Além de enfrentar a desobediência de Antigona, Creonte ainda tem que tentar convencer seu filho Hêmon, noivo de Antigona, a esquecê-lá. Hêmon além de não obedecer ao pai ainda abandona as forças do exercito para tentar convencer o pai a não condenar Antigona, mas já é tarde Antigona se sacrifica em nome de Tebas e antes de morrer ela diz que isso seria só o começo das desgraças que ocorreriam na vida de Creontes. Hêmon ao saber da morte da amada também se sacrifica, o povo de Tebas se revolta contra a tirania de Creontes e decide tirá-lo do poder. Creonte acaba só em sua sala, refletindo a tudo que fez e as atitudes que poderiam ter sido evitadas, como a morte do próprio filho.

A peça conta com uma linguagem simples e de fácil entendimento, por se tratar de uma trgédia grega. O diretor, Guilherme Leme, optou por fazer um espetáculo mais atual com figurinos  que se mostram pesados como jaquetas costuradas por alfinetes e ao mesmo tempo leves como o vestido de Antigona. O cenário também era simples embora significativo contava apenas com uma grande mesa, uma cadeira de executivo, persianas e um caminho feito com pedras no qual Antigona se sacrificou.
O som embalado por rock, daí o nome "RockAntigona" deixou a peça com  um ar mais moderno e cotidiano e fez sair um pouco dos estereótipos das tradicionais tragédias gregas.

RockAntigona fica em cartaz no Sesc Santana até 14/11.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

São Paulo, um outro olhar


 

        São Paulo, terra de cores, de amores, de emoções e força. Em meio à paulicéia desvairada de cima dos arranhacéus da cidade, que não para, eles passam despercebidos entre nós. A pirâmide da desigualdade cresce a cada dia, as mazelas da sociedade são expostas para quem quiser ver, as ruas antes feitas pra andar, agora servem de lar. Desprovidos de sonhos e muitas vezes de sentimentos, levam suas vidas na mesma rotina dia após dia, a espera da esmola, que vem de gente engravatada que passa atrasada para o seu destino.
        
        A metrópole não é justa, as ruas não são belas, e as pessoas não são cegas ou fingem não enxergar um fato que é real e incomoda. Do outro lado do vidro do carro blindado, os olhares não se cruzam, as mãos não se tocam, existe um muro, uma barreira que separa o belo e o feio, o rico e o pobre, o bem do mal. Mas será que realmente existe o belo e o feio? O bem ou o mal? Não, não existe. O que existe são pessoas como nós, como você, gente que anda, fala , pensa, gente que sonha.
        
        São Paulo, um outro olhar, é um projeto que não quer mostrar somente a beleza da cidade. Cada foto tem uma realidade, uma história. As fotos mostram uma São Paulo de um modo que nós nunca paramos para ver, mas que também não deixa de ser belo. Afinal, a beleza não esta nas pessoas ou nas coisas, esta nos olhos de quem as vê.

                                                                   Texto e fotos Francisco Lima


 




















quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Gente grande" exagera nos clichês, tornando-se chato


Agora virou "moda"em Hollywood fazer filmes com atores que já não estão tão em forma assim, foi o caso de "mercenários", estrelado só por astros da terceira idade dos filmes de ação, mas que tentam se manter em forma a base de anobolizantes. Nessa mesma linha, só que, voltado para o lado da comédia o filme "Gente Grande" tenta  fazer o mesmo. Dessa vez o elenco não é formado por brutamontes em busca de pancadaria, mas  por comediantes consagrados, ou não, de Hollywood.

"Gente grande" conta a história de um grupo de estudandes que se conhecem desde o ginásio, eles crescem, tomam seu rumo na vida, mas são obrigados a se reencontrar, 30 anos depois, no velório do seu antigo treinador de basquete no qual era muito querido por todos. A partir daí, o grupo de ex-estudantes resolvem se reaproximar novamente, passando um filnal de semana na antiga casa do lago, onde eles se reuniam nos tempos de criança.



Só que não vão somentes eles, cada um dos 5 amigos leva a fámilia a tiracolo, o que proporciona as mais diversas situações. O filme que éra pra ser uma grande comédia já que tem um elenco rasoavelmente bom de comediantes consagrados de Hollywood, (Adam Sandler, Kevin James, Chris Rock, David Spade e Rob Schneider), não convenceu.

Com um roteiro fraco e cheio de clichês, (até o zorra total tem um roteiro melhor), o filme é longo, chato e tenta arrancar risadas de situações bizzaras. O preconceito contra os gordos, negros e idosos  fica evidente, no filme um dos amigos é casado com uma mulher muito mais velha do que ele. As piadas são politicamente incorretas e poucas são entendidas pelo público, eu pelo menos não entendi várias. Os atores estão mal aproveitados e nomes de peso como Salma Hayek deveriam se envergonhar de fazer um filme desses.

"Gente grande" é um filme que não deve ser visto nem em DVD, pois é uma chatisse sem tamanho, no qual só arranca risadas de pessoas que só vão ao cinema para rir e comer pipoca.