segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Cemitério da Consolação abriga diversas obras de importantes artistas

O mais antigo cemitério da cidade e uma das principais referências brasileiras no campo da arte tumular


Fotos Francisco Limma 


     Várias obras de arte de importantes artistas nacionais e até internacionais podem serem vistas de graça, a céu aberto, mas o local não é muito visitado pelas pessoas pela sua localização. As diversas obras estão todas nos cemitérios da cidade. Somente o Cemitério da Consolação, o mais antigo da cidade, abriga cerca de 400 obras, entre esculturas, painéis e até minicatedrais.

   O  cemitério da Consolação, foi fundado em 1858 e abriga as famílias mais tradicionais, do início da industrialização, da época cafeeira. As obras de arte espalhadas pelos túmulos têm diversas funções: prestar homenagens aos sepultados, contar histórias sobre a vida deles e, uma das principais, um pedido de proteção e uma boa vida eterna para os falecidos.

       Antes da sua construção os sepultamentos eram realizados nas igrejas e em seus arredores, o que trazia problemas de saúde pública. Com a aparição de idéias de sanitarismo e higiene, os governos das cidades criaram os primeiros cemitérios públicos. Em São Paulo, por força do Ato Institucional do Imperador, foi-se consolidando a idéia da construção de um cemitério público de uso geral pela população. Assim, Carlos Rathincumbiu-se da missão de arquitetar o novo cemitério. Foram anos de discussão na Câmara Municipal antes de sua efetiva inauguração. Em seus primeiros anos, o cemitério da Consolação era o lugar de sepultamento de pessoas de todas as classes sociais, incluídos os escravos, que foram transferidos do cemitério dos Aflitos.




      Já a partir do século XX, o cemitério passa a receber quase que exclusivamente pessoas da alta classe média e da burguesia, devido ao loteamento dos terrenos em jazigos perpétuos vendidos pela prefeitura. À época, um túmulo suntuoso era visto como sinal inequívoco de status social. Havia verdadeira competição entre as famílias abastadas, que construíam jazigos cada vez mais sofisticados, em materiais nobres como mármore e bronze. A ornamentação ficava a cargo de artistas de primeira grandeza, que tinham na arte tumular uma atividade com demanda estável e altamente lucrativa.

     Desde então, o cemitério abriga túmulos de personalidades e famílias ilustres da sociedade brasileira e paulista, sendo também referência em arte tumular no Brasil, com importantes obras de arte de escultores como Victor Brecheret, Celso Antônio Silveira de Menezes, Nicola Rollo, Luigi Brizzolara e Galileo Emendabili.

     No Cemitério da Consolação encontram-se os restos mortais de muitas personalidades importantes da História do Brasil. Lá se encontra a tríade Modernista: Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Mário de Andrade,o escritor modernista Alcântara Machado, o escritor Monteiro Lobato, o arquiteto Ramos de Azevedo, empresários como Cândido Fontoura, Francesco Matarazzo, Oscar Americano, Roberto Simonsen e Rodolfo Crespi, o fazendeiro e "rei do café"Geremia Lunardelli, os aristocratas paulistas e mecenas das artes Armando Álvares Penteado, Olívia Guedes Penteado e a sua sobrinha Yolanda Penteado, entre outros.

    Um dos destaques do cemitério é o colossal mausoléu da família Matarazzo, o maior da América Latina, que do subsolo ao pico possui 25 metros de altura. Tem o tamanho aproximado de um prédio de 3 andares, ocupando uma área de 150 metros quadrados. É ornamentado por um impressionante conjunto escultório em bronze italiano, obra de Luigi Brizzolara. Segundo jornalistas à época de sua construção, teria custado praticamente o mesmo que o Hospital Umberto I. Assim, o empreendedor italiano Matarazzo contrapunha-se ao elitismo da aristocracia cafeeira paulista, que ignorava abertamente os imigrantes recém-enriquecidos nos círculos sociais.

 O colossal mausoléu da família Matarazzo

Andar pelas alamedas do cemitério é como voltar no tempo e ver como as pessoas da época viviam e se comportavam. O contexto histórico e artístico é riquíssimo e com certeza devia se tornar visita obrigatória para quem gosta de arte e história. Pena que Esse é um formato de turismo pouco explorado em São Paulo, existe uma quantidade imensa de obras de arte espalhada pelos cemitérios da cidade, mas que pouca gente conhece.

Para quem se interessou o  Serviço Funerário Municipal oferece visitas guiadas às terças e sextas-feiras pelo Cemitério da Consolação.


Serviço:
Horário de funcionamento: 7h às 19h
Entrada: gratuita
Visita monitorada: apenas no Cemitério da Consolação, às terças e sextas-feiras
Agendamento: pelo telefone 3396-3832

Veja agora fotos de algumas da obras que estão expostas no cemitério da Consolação: