terça-feira, 13 de agosto de 2013

Nem o talento de Andrea Beltrão Salva "Jacinta"

Musical em cartaz no Sesc Vila Mariana sofre com falha na direção



       Dizem que o público Paulistano é mais crítico no teatro em relação aos cariocas, se uma peça for "aceita" pelo público em São Paulo, ela pode rodar  o Brasil inteiro. Se isso é verdade ou mito eu não sei, mas vendo o Musical "Jacinta", estrelado por Andrea Beltrão, me lembrei desse pensamento.

   
       "Jacinta" é o tipo de espetáculo onde o elenco, figurinos, trilha sonora e cenografia são brilhantes mas a direção deixa a desejar. O diretor Aderbal Freire-Filho nos conta a historia de Jacinta uma atriz portuguesa que é considerada a pior atriz do mundo. O texto é de newton Moreno e a direção musical é do Titãs Branco Mello.

O talentoso elenco de "Jacinta"

     A peça começa no século XVI, a primeira experiência da personagem Jacinta como atriz acontece diante da Rainha de Portugal. Horrorizada com a péssima interpretação, a monarca morre e a jovem artista é condenada a ir para o Brasil, nesse tempo, uma colônia praticamente abandonada. 

     No Brasil a aspirante a atriz passará por maus bocados para provar a todos e até a si mesma que possui o dom para a interpretação. ao longo de sua trajetória Jacinta tem encontros com grandes nomes do teatro como Gil Vicente que escreve uma peça especialmente para ela e até com o fantasma de Shakespeare que lhe dá dicas de como atuar.

Andrea Beltrão interpreta Jacinta a pior atriz do mundo
      O problema de "Jacinta" não está apenas na direção de Aderbal Freire-Filho que não deu um ritmo as cenas da peça e deixando sem ordem dos fatos, mas também na longa e desnecessária duração (135 minutos) a história poderia muito bem ser mais enxuta e com qualidade do que apresentar cenas que, se fossem tiradas, não fariam a menor falta.

     O público sente essa falta de ritmo e chega uma hora em que a velha olhada no relógio e notada por grande parte das pessoas, na apresentação de estreia da peça, no dia 09/08 foi possível notar que várias pessoas saíram do espetáculo antes do fim.

      Outro problema visto no musical foi a falta de clareza no entendimento das falas, principalmente na horas das músicas, não dava para entender praticamente nada, além do sotaque português da personagem a banda estava muito mais alta que as vozes dos atores, falha que atrapalhava o público no entendimento das letras do musical, algumas pessoas até tentavam acompanhar pelo programa da peça, mas devido a pouca iluminação ficava difícil. 



   O ponto positivo do musical está no talento não só de Andrea Beltrão que dá vida a Jacinta, mas também a de todo o elenco que brilha ao viver vários personagens ao mesmo tempo, dando o tom certo da comédia. O cenário lembra um camarim só que aberto para a visão do público que vê as trocas de roupas ali mesmo no palco. As músicas são bem trabalhadas e tem a cara de "rock" que o musical se propõe a ter.

"Jacinta" tinha tudo para ser um ótimo musical, mas a má direção não contribuiu para uma boa evolução da peça,  que mesmo sendo cansativa, ainda sim vale a pena ver um elenco muito talentoso no palco. A peça fica em cartaz até dia 23 de setembro no Sesc Vila Mariana.


Ficha Técnica:
Texto de Newton Moreno, com colaboração de Aderbal Freire-Filho
Canções de Branco Mello (melodias), Aderbal Freire-Filho e Newton Moreno (letras)
Direção: Aderbal Freire-Filho
Diretor-assistente: Fernando Philbert
Direção Musical: Branco Mello
Direção vocal: Cris Delanno
Prosódia: Iris Gomes da Costa
Coreógrafo: João Saldanha
Coreógrafo-assistente Marcelo Braga
Cenários: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Antonio Medeiros
Iluminação: Maneco Quinderé
Elenco: Andrea Beltrão, Augusto Madeira, Gllray Coutinho, Isio Ghelman, José Mauro Brant e Rodrigo França
Músicos: Ricardo Rito (tecladista), Tassio Ramos (baixista), Helio Ratis (baterista) e Maurício Coringa (guitarrista)


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