segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Fragmentos do Desejo" fala muito sem dizer uma única palavra


   
  O título pode parecer estranho mas é a mais pura tradução da peça "Fragmentos do desejo" da Cia. dos à deux, a peça, sem nenhuma fala sequer, diz tudo apenas através do simbolismo. Olhares, murmúrios, sombras e penumbras que afloram o sentido de quem assiste e faz com que a platéia se envolva com a comovente história que nós é apresentada.


     A peça conta a história de  um filho que sai de casa para viver seu grande sonho, ao deixar sua casa ele deixa também um velho pai que vive numa cadeiras de rodas e depende a ajuda de uma severa governanta. Tudo muda com a saída do filho que foge não só em busca da sua verdadeira identidade mas também dos abusos que sofria pelo próprio pai, ainda na infância. Os personagens que tem suas vidas marcadas pela ambiguidade das relações humanas e a busca da identidade, são histórias gestuais sobre a diferença de opiniões, e sobre o desejo profundo de ser outra pessoa.





     Há vários momentos comoventes e muito bem executados no espetáculo - a trilha sonora, a iluminação e o cenário são sublimes - mas vou destacar dois que mais me chamaram a atenção: o balé da solidão do filho que tenta e não consegue um entendimento com o pai, e o do cinema, no qual se usa com maestria os recursos tecnológicos extra-teatrais.


     A companhia foi muito feliz na sua realização, e dá pra perceber o quanto de trabalho foi preciso para se chegar ao palco e levá-lo ao público.
   Isso sim da vontade de aplaudir de pé, por várias horas.



Assista aqui a um trecho da peça, vale muito a pena.



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